A Europa está entre os mais lindos cenários da terra. Belezas naturais, monumentos históricos, cultura e conhecimento fervilham nos destinos turísticos mais procurados do planeta. A realidade espiritual, porém, é imensamente mais sombria.
O continente europeu tem aproximadamente 750 milhões de habitantes. Entre os 15 milhões que fazem parte de uma igreja evangélica, poucos tiveram uma experiência pessoal com Jesus Cristo. Não é nada fácil enviar missionários para a Europa sem que eles e suas igrejas discirnam a profunda miséria e escuridão em que essas almas se encontram apesar da fartura que os olhos humanos podem perceber.
A tarefa de comunicar Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador não só encontra ouvidos nada receptivos, mas frequentemente recebe uma rejeição agressiva.
Não pense que um missionário para um país do continente europeu é enviado para colher os frutos de um cristianismo histórico. Não se pode colher onde quase nada foi semeado há muito tempo. Os poucos irmãos hoje envolvidos na Grande Comissão são, em sua maior parte, idosos e fazem o possível e impossível para sustentar milhares de missionários que enviaram no passado pelo mundo. Eu sou uma delas.
Servi por mais de 33 anos na Europa entre estudos teológicos na Alemanha e na obra missionária em diversos países e posso afirmar que os europeus estão abertos, sim, para nos ouvir sobre Jesus Cristo, mas somente depois de anos de investimento na conquista de uma amizade profunda, sincera e verdadeira. Esse é o caminho para sermos levados a sério. Isso leva tempo em compromissos de longo prazo, mas se refletirmos Jesus Cristo nos relacionamentos que construímos, vamos presenciar o mover de Deus abrindo oportunidades inimagináveis.
Na Europa existem todas as culturas, todas as línguas, todas as nacionalidades, todas as religiões do mundo. A cosmovisão europeia tem passado por mudanças significativas, especialmente em função da chegada dos milhões de refugiados a partir de 2015. Grande número desses refugiados já professavam a fé cristã na igreja ortodoxa, mas muitos muçulmanos têm se convertido em solo europeu. Alguns, por terem lido uma Bíblia pela primeira vez na vida, outros por terem sido acolhidos calorosamente pelos cristãos.
É impressionante observar o zelo quase radical desses nascidos de novo testemunhando de uma nova vida em Jesus Cristo ao seu próprio povo refugiado. É maravilhoso ver em muitas igrejas esses novos convertidos participando de estudos bíblicos, grupos do louvor, ministério com jovens e crianças, evangelizando os próprios europeus, mas são em tão grande número que faltam às igrejas locais condições para discipular a todos.
Esses irmãos desejam a nossa ajuda e clamam para que essa ajuda chegue depressa! É por essa razão que a MEPE trabalha estabelecendo parcerias entre igrejas brasileiras e igrejas europeias. Oferecendo treinamento, orientação e apoio para que a luz da verdadeira vida resplandeça naqueles corações.
Os europeus estão famintos do verdadeiro amor. Não adianta estarmos academicamente bem preparados se nos faltar o essencial. Em 1 Coríntios 13, Paulo nos desafia a transbordarmos do amor de Cristo derramado em nossos corações. O amor que é paciente, bondoso, que não inveja, não se vangloria, não se orgulha, não maltrata, não se ira facilmente, não guarda rancor, o amor que se alegra com a verdade. O amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Nós, missionários, e as igrejas que nos enviam devemos estar cientes de que é Deus quem nos escolheu e chamou (João 15:16) e precisamos obedecer ao nosso Deus em primeiro lugar, pregando o evangelho sem acepção de pessoas.
Que o Senhor da seara mande muitos brasileiros para esses campos brancos é a nossa oração.
Em Cristo,
Liane Serfas